"(...) Os meus sonhos são um refúgio estúpido, como um guarda chuva contra um raio. 
Sou tão inerte, tão pobrezinho, tão falho de gestos e actos. 
Por mais que por mim me embrenhe, todos os atalhos do meu sonho vão dar a clareiras de angústia. 
Mesmo eu, o que sonha tanto, tenho intervalos em que o sonho me foge. Então as coisas aparecem-me nítidas. Esvai-se a névoa de quem me cerco. E todas as arestas visíveis ferem a carne da minha alma. Todas as durezas olhadas me magoam o conhêce-las durezas. Todos os pesos visíveis de objectos me pesam por a alma dentro. 
A minha vida é como se me batessem com ela."
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego
 
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