"Temos lugares fechados dentro de nós. Lugares que evitamos visitar por, ora lhes conhecermos os cantos de cor e neles conseguirmos passear às escuras, ora por termos medo de abrir as portas que os revelam.
Lugares de memórias e invenções, de medos e de alegrias tristes, lugares onde outrora deixámos a esperança e preserverança, em que receamos entrar par as reaver.
Os lugares fechados são pequenos cofres castanhos espalhados pela alma, entre o peito, ajeitados de forma confusa no meio do coração, da barriga que ficava com borboletas, dos braços e pernas que ainda tremem.
Os lugares fechados são pequenos cofres castanhos espalhados pela alma, entre o peito, ajeitados de forma confusa no meio do coração, da barriga que ficava com borboletas, dos braços e pernas que ainda tremem.
Os lugares fechados, esses quartos escuros de sombras nas paredes, são o passado dorido, um presente medroso, e um futuro desconfiado, onde moram sonhos que foram partidos, recordações dolorosas, anestesiadas, rancores e mágoas que para nosso bem preferimos guardar, esconder. As tais alegrias tristes de saudade que optamos silenciosamente recolher dentro de nós, ainda que a medo de as reviver.
Os lugares fechados ficam cobertos de pó, a cheirar a mofo e perpetuam na densidade do tempo. Raramente são abertos a não ser para ir lá buscar ou olhar algo muito importante, de que nos precisemos lembrar e voltar a fechar.
Os lugares fechados ficam cobertos de pó, a cheirar a mofo e perpetuam na densidade do tempo. Raramente são abertos a não ser para ir lá buscar ou olhar algo muito importante, de que nos precisemos lembrar e voltar a fechar.
Às vezes abro todas as portas e arranco as cortinas das janelas dos lugares fechados, deixo que haja uma corrente de ar e tento limpar tudo. É que por muito que por vezes possa doer, tenho medo de lhes perder a chave e o cheiro."
finalmente alguém pôs em palavras aquilo que eu ando a sentir há demasiado tempo e que eu nunca consegui expressar.
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