passo a maior parte dos meus dias numa antiga casa senhorial que há 200 anos foi um lar e que antes de ter a função actual, foi ainda uma clínica psiquiátrica. mantém ainda a maior parte das características originais da arquitectara do século XIX em que foi construída - divisões amplas, portas e janelas de elevada altura, bem como tectos altos de estuque trabalhado. mas, é principalmente o enorme vitral em tons de azul que mantém presente a essência e misticismo daquela época. está rodeada por outras casas igualmente grandiosas porém, algumas há muito abandonadas e consequentemente degradadas do tempo. as janelas partidas e portadas de madeira apodrecida tornaram-as sinistras, medonhas até. os jardins, agora completamente selvagens, cheios de ervas altas e camélias floridas, encobrem a maior parte da fachada, conferindo-lhes um ar sombrio. sempre tive um certo fascínio por este tipo de casas e gosto de reparar nos pequenos detalhes despercebidos e imaginar as histórias lá vividas. alias, não há um único dia que eu não suba a escadaria daquela casa e não imagine as pessoas e vidas que por lá já passaram, quase sempre com pormenores macabros e enigmáticos. talvez devido ao ambiente soturno que esta casa e vizinhança transmite, ou então, talvez sejam apenas influências de Eça de Queirós.
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