I will never forget you
and forever will miss you.
Achava eu que não ia chorar. Achava eu que se dramatizava demasiado o momento de despedida. Eu que estava habituada a distanciar-me dos amigos, de deixar alguns para trás e de fazer outros novos em adiante. Eu que achava que ia ser apenas mais uma despedida, como outras que já tive sem motivos para tristezas e melancolias pois ninguém desaparece. Eu que sei perfeitamente, que agora com as novas tecnologias só não mantém contacto quem não quer. Chorei, e chorei, e fiquei triste, e senti-me melancólica. Senti que ia deixar para trás uma parte importante de mim, uma parte de mim que eu não sabia que existia, uma parte de mim que descobri com estas pessoas e neste mundo à parte que é Erasmus. Cada pessoa que abraçava e me dirigia um discurso de despedida, me despertava lembranças e momentos tão banais mas ao mesmo tempo tão significantes, tão intensos, tão crus. Tenho dito, que só sabe o que é Erasmus quem o vive, e afirmo cada vez mais com convicção. É um mundo à parte. Entrei num novo mundo desconhecido, o cúmulo da novidade. Assumi uma nova vida, descobri do que sou feita, e talvez a minha essência. Às vezes não gostava da descoberta, mas aqui, tudo é claro, nada é recalcado. Fui, existi, sem consequências, sem medos, sem censuras ou julgamentos, fui livre num mundo feito de pessoas tão diferentes de mim, mas com o sentimento do desconhecido, da descoberta, e do carpe diem em comum. Aprendi a ser mais tolerante, a compreender diferenças e a respeitar. Cresci e aprendi muito, imenso. Vou daqui uma pessoa mais madura, confiante e segura. Vou daqui realizada a todos os níveis. Fiz tudo que quis fazer, e fiz o que nem imaginava poder vir fazer. Ri muito, desabafei e escutei, chorei e zanguei-me, tive muitas saudades, mas fui muito feliz. Supreendi e supreendi-me a mim mesma. Festejei imenso, bebi e brindei muito, disse e fiz muitos disparates. Felizmente tive sempre alguém ao meu lado, a olhar por mim, e com quem pude rir descontraidamente no dia seguinte. Adoremeci inocentemente em camas alheias. Dançei imenso e cantei muito, inventei palavras e rimas. Vivi intensamente coisas banais, e fui feliz. Aprendi que muitos filmes podem perfeitamente ser baseados em vidas reais. Aprendi que quase tudo é possível e que a liberdade pessoal é bastante acessível, basta estarmos acompanhados pelas pessoas certas. Felizmente, conheci as pessoas certas, felizmente tive a sorte em connhecer pessoas fantásticas, genuínas e felizmente cada uma tão diferente da outra. Sim, digo felizmente porque cada diferença me transmitiu algo especial e único. Tanto mais poderia dizer sobre Erasmus, mas nada é suficiente para poder descrever nem o mínimo que isto é. Levo daqui grandes amigos, momentos únicos, e não é cliché, são mesmo grandes amigos e foram realmente momentos únicos. Já fiz promessas de amizade eterna antes, quando mudei de país e não foram cumpridas. Reencontrei esses amigos que agora apenas posso considerar como meros conhecidos. Fico triste por saber que o mesmo pode e provavelmente irá acontecer. Basta o tempo passar, e já alguém dizia: longe da vista, longe do coração. Eu vivi Erasmus assim, mas não é igual para toda gente. Acredito que cada pessoa vive de maneira diferente, basta dar e ter diferentes importâncias. Eu sei que esta experiência vai fazer para sempre parte da minha identidade pessoal, moldou a minha personalidade e mantenho os mesmos ideais e valores que antes, mas agora com outra significância. Podem até pensar que isto é um exagero, pode até parecer tudo muito cliché, mas acreditem, só quem vive isto é que pode fazer ideia do que falo. Tenho dito.